Um ano e seis meses...

Você já faz três dias. Três dias de um ano e seis meses. Eu não quis te esquecer e já desisti dessa ideia. Ainda tenho aquele estomago enjoado dos primeiros meses. E acho que sempre que eu ver uma foto nossa, ver aquele filme que você me deu e é seu preferido, ouvir uma música do DG vou sentir a garganta seca, uma crise de ansiedade, as mãos suando frio.

Eu nunca te preferi por causa dos seus gostos cinematográficos, músicas, expressões corporais, piadas sem graças, diálogos inteligentes e abraços confortantes. Eu nunca te preferi por causa das suas histórias repetidas ou de sua determinação enquanto pessoa.

Eu nunca te preferi como uma menina que te prefere porque você é um personagem muito complexo para ser preferível. Tudo isso era só uma boa música e uma boa fotografia e uma boa direção e um bom roteiro. Mas eu amava o negativo preto e branco e de ponta-cabeça. A fagulha de ideia da sua existência. O seu nariz aristocrático e a sua boca corada mesmo quando você empalidecia no começo da noite.

Eu amava você dormindo, de lado, me empurrando durante a noite contra a parede e ocupando a cama inteira, com seus cabelos espalhados no travesseiro, a respiração ofegante quando você não conseguia dormir por estar incomodado, sua irritação por eu dormir mexendo trilhões de vezes durante a noite. Eu amava você inventando apelidos para mim, ou as vezes me chamando de coisas sem sentido e achando isso bonitinho. Eu amava quando te fazia cafuné e você ficava quietinho para eu não parar. Amava o medo que você tinha de eu te dar mordidas fortes e eu demorar perceber.

Amava sem você fazer nada, só respirando pesado, só lutando com seu peito angustiado, só perdido, só tentando ficar mesmo não sabendo como.

Adaptado: Tati Bernardi

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